Centro de Convenções já vem sendo chamado de Nações Unidas do Riocentro RIO — O futuro da Terra está no centro da pauta comum e, embora separados por alguns metros de distância, os debatedores da Rio+20 exibem uma diversidade que mostra bem a imensa diferença cultural — e de expectativas — que fazem do Centro de Convenções da Barra o que muitos já chamam de Nações Unidas do Riocentro.
De um lado, diplomatas sisudos negociam cada vírgula do documento final da conferência no Pavilhão 5. Do outro, véus, turbantes e estampas coloridíssimas disputam a atenção com incontáveis — e cinzentas — reivindicações políticas e ambientais no Pavilhão T do Riocentro. Em plenários semivazios, a indumentária de muitos homens e mulheres rouba a cena no território das organizações não governamentais.
— Precisamos aparecer. Mostrar que a verdadeira chave para o problema está aqui, e não lá (no Pavilhão 5) — diz a camaronesa Rosaline Menga, exibindo uma túnica vermelha e um chamativo turbante.
Integrante da ONG Voz das Mães Africanas, ela veio ao Rio defender soluções para engajar as mulheres de seu continente na agricultura familiar sustentável. Rosaline não esconde uma ponta de decepção quando perguntada sobre a consciência ambiental em Camarões. Ela conta que o povo não tem consciência da gravidade da situação em um país que já perdeu boa parte de suas riquezas naturais: — Nosso verde já foi extinto, o solo está afetado e a água, contaminada. Estamos aqui para que mulheres e jovens tenham a chance de aprender, plantar e recuperar.
Já Bartolo Ushigua, dirigente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), veio de Quito para dizer não à economia verde. — Somos contra o que se chama economia verde hoje. Não se deve entregar às empresas os recursos do planeta. Defendemos uma política que mantenha o equilíbrio entre os seres humanos e a Natureza, em que há elementos sagrados para nós, índios.
O Globo
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