quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Agora, ó José - Adélia Prado -Postagem do site- Doce como a chuva

Agora, ó José - Adélia Prado:
É teu destino, ó José,
a esta hora da tarde,
se encostar na parede,
as mãos para trás.
Teu paletó abotoado
de outro frio te guarda,
enfeita com três botões
tua paciência dura.
A mulher que tens, tão histérica,
tão histórica, desanima.

Mas, ó José, o que fazes?

Passeias no quarteirão
o teu passeio maneiro
e olhas assim e pensas,
o modo de olhar tão pálido.
Por improvável não conta

O que tu sentes, José?

O que te salva da vida
é a vida mesma, ó José,
e o que sobre ela está escrito
a rogo de tua fé:

“No meio do caminho tinha uma pedra”
“Tu és pedra e sobre esta pedra”.
A pedra, ó José, a pedra.

Resiste, ó José. Deita, José,
Dorme com tua mulher,
gira a aldraba de ferro pesadíssima.
O reino do céu é semelhante a um homem
como você, José.

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Linda poesia , retratando a vida dos homens  especialmente.
Simplesmente Sonia Maria
Atom

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